quinta-feira, 31 de março de 2011

Hoje

Hoje eu quando eu cheguei em casa e vi as luzes apagadas eu só quis um colo.
Um colo pra me desacelerar desses dias tão agitados que mal posso respirar. Que me faça desconectar dessa atmosfera caótica, que tire minha tomada do 220, que desligue o meu piloto automático.
Alguém que estivesse me esperando chegar.
Alguém que sorrisse ao me ver em pé na porta, mesmo que acabada.
Alguém pra me fazer carinho mesmo comigo cansada, sem muita força física pra retribuir.
Alguém pra me agradar com um chocolate, ou deitar comigo na cama só pra falar de nada.
Alguém que entendesse que se estou meio quieta e porque estou cansada, que ria do meu rímel borrado e que me afague se eu quiser chorar por nada.
Hoje eu só queria um colo, um abraço que me trouxesse calma, um beijo que me desse uma gota de paz. Só uma gota, pro mundo girar mais devagar e a respiração acalmar. Pro coração bater num ritmo tranquilo pelo menos por alguns segundos e depois adormecer.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Trato

E ele queria dizer a ela como se sentia, mas toda vez que tomava coragem, lembrava-se de que tinham um trato, um trato que não foi dito, nem feito por nenhum tipo de palavra, mas por ações e atitudes que os levaram a selar aquele trato, naquelas condições.
Ele queria dizer a ela que os sábados sem ela pareciam menos coloridos, que ficar bêbado longe dela não tinha graça, que o misto quente que ela fazia tinha ganho mais sabor nos últimos tempos.
Ele queria dizer que a estrada havia encurtado todas as vezes que ela esteve no carro com ele, e queria dizer também que ela podia usar a toalha dele, que o cheiro dos cabelos dela era o melhor do mundo e que ele achava muito engraçado as tentativas dela em pentear os cabelinhos curtos dele.
Ele queria dizer que o pijama dela era o mais fofinho, muito embora ela tenha tirado sarro algumas vezes e de como era bonito vê-la sentada frente ao computador, compenetrada, escrevendo alguma coisa que lhe ia na alma.
Ele queria dizer que as baladas alternativas só tinham graça se ela fosse junto, que apanhar dela no vídeo game até era legal porque isso a fazia escancarar aquele sorriso tão sincero que só ela tinha.
Ele queria dizer que muito embora ela não gostasse de cozinhar, a abobrinha na manteiga que ela fazia era uma delícia e até aquele brigadeiro queimado que ela tentou fazer uma vez ficou bom.
Ele queria dizer que ficou acordado muitas vezes só pra vê-la dormir e respirando fundo, e por alguns minutos ficou se mordendo de curiosidade de saber com quem ela estava sonhando.
Ele queria dizer que ela era sexy, que ela o deixava maluco
Ele queria dizer que ele achava muito engraçado o fato dela ter paixão por soutiens e não tirar os brincos quase nunca.
Ele queria dizer que ela era a mulher mais linda do mundo de óculos e que o cinema tinha passado a ser um dos lugares preferidos dele.
Ele queria dizer a ela que adorava ficar caçando promoções no sites de compra coletiva pra arranjar alguma coisa pra fazer no final de semana.
E que as longas conversas não existiam sem ela...
E que as madrugadas sem aquele corpo quente era muito mais frias...
E que ele já sentia ciúmes de tudo...
E que tudo nela era lindo, cálido e sonoro, a voz, o riso, o olhar, o toque, o beijo, as mãos...
E que parecia que finalmente ele tinha encontrado alguém pra sorrir junto, olhar junto na mesma direção, beber junto, dormir junto, querer junto...
E que parecia que ele tinha se aconchegado naquele colo que ele procurava há anos e ali ele esquecia de tudo de ruim e tinha coragem de ser o que era sem máscaras, e desacelerava na respiração profunda dela...
E que todas as mulheres do mundo não tinham mais graça...
E que ela não lhe saia nunca mais dos pensamentos...
Ele queria dizer que gostava muito, muito dela...
Mas ele tinham um trato. E ele não ousou quebrar por medo de perdê-la. Mas o que ele não sabia que ela também queria dizer muita coisa a ele.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sábado, 5h38

Ela tinha bebido demais e já estava andando sem saber pra onde ia. Mal podia se equilibrar no próprio salto. Na verdade não podia se equilibrar na corda bamba da própria vida.
Ela saiu daquele lugar sozinha, sem ao menos se importar se sua roupa chamaria atenção demais áquela hora na rua. Andava contra o vento, com a última garrafa de cerveja na mão. Não sabia onde estava indo, mas o destino sabia para onde levá-la.
Ele, em contrapartida, tinha saído de casa pra comprar alguma coisa pra comer. Tinha acabado de chegar do trabalho, estava exausto e não tinha nada na geladeira.
Quando seus olhos a viram ele imediatamente parou o carro.
- Lola!
Ela parou e com o olhar baixo, tentou identificar quem era.
- Lola, vem aqui.
Ela aproximou-se do carro.
- O que você tá fazendo a essa hora sozinha na rua?
- Não sei...
- Entra aí, eu te levo pra casa.
- Não quero ir pra casa. - e saiu andando.
- Lola! Vem cá!
Ela parou e olhou de novo.
- Vamos dar uma volta então.
Ela continuava olhando pra ele. Ele desceu do carro. Pegou uma blusa no porta-malas , chegou perto dela, cobriu suas costas e seus ombros, e levou-a até o carro. Ela apenas seguiu os movimentos dele.
Ele deu partida no carro sem questionar muito. O cheiro de cerveja já explicava muita coisa.
- Tá com fome?
- Acho que sim.
- Vamos comer alguma coisa?
- Mas eu não quero descer em lugar nenhum.
- Tudo bem.
Ele passou numa padaria, pediu pra ela esperar no carro. Quando ele voltou, ela dormia. Ele sorriu sem perceber. Ela era mesmo muito linda.
Levou-a para seu apartamento.
Acordou-a chegando lá.
- Vem, Lola.
- Onde eu tô?
- Na minha casa, vem.
- Tá.
Ela desceu abraçada nele. Apesar do cheiro de cerveja o perfume dela era estonteante.
Subiram e ele sorriu.
- Vem comer.
- Tá bom.
Sentaram. Estavam comendo quando ela disse.
- Tá passando...
- O que?
- Minha bebedeira.
- Ah é? - ele riu.
- É...
Pausa.
- Que bom que você me achou, nem sabia pra onde eu estava indo.
- Você é doida de sair sozinha na rua desse jeito.
- Você é lindo.
Ele corou.
- Não, não estou dizendo isso porque estou bêbada. Você é lindo mesmo.
- Você é linda. Até com essa cara de ressaca.
- Daqui a pouco vai amanhecer, preciso ir embora.
- Você disse que não queria ir pra casa.
Ele ficou quieta. Terminou de comer, levantou-se e encolheu-se no sofá dele. Ele foi atrás e sentou-se ao lado dela.
- Que foi?
Ela não disse, só se aconchegou do lado dele e chorou baixinho.
Ele não falou, apenas abraçou-a, aconchegando-a ainda mais, enquanto passava a mão pelos cabelos dela.
- Independente do que esteja acontecendo com você, vai ficar tudo bem, tá? Se você quiser conversar, pode se abrir comigo.
- Eu não sabia pra onde eu estava indo, mas agora, com você perto de mim desse jeito, eu tô começando a achar que foi um anjo que me guiou até você e você até mim.
Ele abraçou-a, beijou os cabelos dela.
- Acho que foi Deus mesmo. - ele disse.
Ela dormiu no colo dele. Mas ele não conseguia dormir. Uma estranha força não o deixava tirar os olhos dela. E mesmo com a maquiagem borrada e o cheiro de cerveja, a cada minuto ela parecia ficar mais bonita, e as cores nela pareciam estar mais vivas. Ela era mesmo muito linda.
Algo crescia dentro dele e foi tomado de uma profunda paz. Fechou os olhos e adormeceu. O sono mais tranquilo de sua vida. Nada poderia romper aquele instante. O instante onde o amor nascia. no sábado, às 5h38.

Entorpecência

Ela tinha os cabelos metade presos e metade soltos. A fita bordô contrastava com a tonalidade trigo de suas madeixas.
Os olhos pintados sem exagero e as bochechas levemente vermelhas, culpa de dois cálices de um vinho tinto que haviam lhe servido.
Haviam muitas pessoas bonitas naquele lugar, mas aos olhos dela todos pareciam iguais.
Todo mês seu pai fazia essas pequenas reuniões e convidava os notáveis para a degustação do resultado de suas imensas vinhas. E nessas reuniões sempre vinham os 'bons partidos' como sua tia costumava dizer. Mas ela sorria sempre um sorriso gélido para todos aqueles babacas e suas espadas enfeitando ainda mais sua covardia.
Não, aqueles não seriam bons partidos para ela.
Queria mais que um rosto bonito e uma bela casa em Paris. Queria mais que jóias, roupas e uma casa nos campos de Vergy.
Queria alguém com quem pudesse conversar e que ao mesmo tempo a pudesse compreender pelo olhar. Queria olhos profundos e um sorriso enternecedor. Queria se apaixonar por alguém que estivesse fora dos livros que ela tanto lia.
Mas as pessoas reais eram tão mornas ou tão excessivas que ela se cansava.
Levantou-se, fitou o salão com os olhos. Naquele dia, especialmente, ela sentia que tinha que seus olhos estavam procurando alguém.
Andou, sorriu um ou dois sorrisos forjados e parou próxima a porta.
Olhou de novo pelo salão. Virou-se para ir ao jardim, mas de repente virou-se novamente para o salão. Quem era aquele que puxou seu olhar como um imã?
Franziu a cara pra poder ver melhor quem era ele, e parou.
Como não o tinha visto entrar? Como aquela beleza e aquele rosto tão vivo não haviam lhe chamado a atenção antes.
Deveria estar tão preocupada em condenar todos ali com seu olhar, que se perdeu dele por instantes. Mas felizmente ela o havia achado.
Quem era ele? Naquela reunião íntima de seu pai e notáveis da França, ele não deveria ser alguém muito distante.
Ela decidiu se aproximar para vê-lo melhor. Andou delicadamente, fingindo não se importar com nada. Mas a cada passo que ela dava seu coração disparava.
Deus, quem era ele?
De repente ele também franziu a sombrancelha e olhava para ela. Ela tentou resistir aqueles olhos, mas eles a olhavam com tanta profundidade que por um momento sentiu-se despida.
Aproximou-se. Ele sorriu.
- Por Deus, não posso acreditar que é você!
- Nem eu! - ela abriu um imenso sorriso.
E nenhum dos dois acreditava que estavam ali. Mal se falavam antes, mas naquela noite fatídica de março, onde todos já estavam embriagados, eles encontraram a entorpecência nos olhos um do outro. E nada podia tirá-los daquele estado sublime de encontro inesperado.
Depois daqueles segundos encantados teriam muito que conversar. E se olhar...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ela Também Não Está Tão Afim de Você

Todas as minhas amigas viviam me falando sobre um filme que era O FILME que todas as mulheres deveriam assistir, o famoso " Ele Não Está Tão Afim de Você". Tive curiosidade, mas não fui atrás pra assistir. Até que um belo dia, passeando pelos canais da SKY eu me deparo com o filme. Estava começando e eu não tinha nada melhor pra fazer mesmo, decidi assistir.
PÁ! Como diria @katylene. Aquele filme é um chute no saco que as mulheres não tem. Um baldão de água fria na sua maquiagem recém feita. Uma chuva torrencial na sua chapinha quando você está chegando na balada. É o que você insiste em esconder de você mesma, o que você se recusa a acreditar traduzido em histórias de mulheres que, no decorrer do filme, você se identifica muito! Pelo menos eu e todas as mulheres que eu conversei a respeito desse filme.
Mas não é pra fazer propaganda do filme que eu estou escrevendo esse post, mas pra falar da situação inversa.
Ok, mulheres se iludem, esperam o cara ligar no dia seguinte, acham sinais e evidências onde não tem, mas vocês devem concordar comigo, principalmente você, minha leitora amiga, que isso não é exclusividade do comportamento feminino.
Quantas e quantas vezes, você, minha leitora amiga, não quis morrer de raiva depois que o carinha da balada quis casar com você?
Porra meu, como é difícil entender que as vezes, nós, mulheres, também só queremos vocês, homens, por uma noite só. Que no dia seguinte não tem ligação, que no final de semana seguinte a gente não quer ver vocês e que nós não queremos casar com vocês só porque parecemos aparentemente felizes com vocês na balada, na praia, ou em qualquer outro lugar do mundo.
E mais! Se a gente beijou vocês na balada, não quer dizer que a gente tá apaixonada ok? Quer dizer que você pode ter parecido interessante por alguns instantes e pode ter sigo legal em outros, mas é só isso. No dia seguinte é cada um pro seu lado. Não que isso impeça a gente de querer ficar outras vezes com vocês, mas isso também não significa muita coisa. As vezes, os relacionamentos começam assim, mas outras vezes nós não queremos mais do que alguém pra gente se divertir também.
O que vocês, homens, precisam entender é que a garota pode ser bacana, pode ser meiga, pode andar de mãos dadas com você na balada e tudo mais. Mas que no dia seguinte ela também tem a opção de não querer te ligar, nem falar com você.
Vocês tem que perceber que se ela realmente estiver afim de você, ela vai te ligar, vai te mandar uma mensagem, vai querer sair com você. E isso vai ser evidente e você vai saber se ela REALMENTE estiver afim de você. A gente, ou pelo menos a maioria de nós, quando está afim, demonstra, nem que seja um pouquinho. Mas nesse pouquinho você vai saber se é ou não é. E se for, será. Mas não crie caraminholas na sua cabeça, não veja amor onde não tem,você vai se frustrar!
Entenda que você não é excessão, não procure sinais onde eles não existem e saiba que ela não está afim de você. Ela não é a mulher da sua vida. Seis bilhões de pessoas no mundo, por que precisa ser necessariamente aquela que não quer saber de você, que não te dá bola, que não te liga, que não quer estender nada com você e nem marcar um novo encontro?
O amor não é assim, meu caro. Portanto, desencane e vá viver sua vida também.
Porque nós também temos sentimentos, escolhas e alternativas. E as vezes a gente não está tão afim de vocês.


quarta-feira, 16 de março de 2011

Saudade de mim

Ontem aquele sentimento bateu. Senti o coração quente, como se algo novo estivesse me rondando.
Pensei e tentei definir. Não deu. Mas sem pensar se definiu: era saudade.
Uma saudade gostosa, muito gostosa.
Daí veio o segundo passo, pensar de quem eu estava sentindo saudade.
Pensei. Tentei encaixar rostos na saudade pra ver se dava certo. Não era de nenhum daqueles rostos que eu sentia saudade.
E ela crescia dentro de mim... Foi quando se expandiu e eu percebi...
A saudade que eu estava sentindo não pertencia a ninguém, muito pelo contrário. A saudade que eu estava era de mim! Isso mesmo! Estava com saudade de mim! Uma imensa, bruta, quente e deliciosa saudade de mim!
Fazia taaanto tempo que eu não me deixava sentir falta de mim. Sempre procurando alguém pra ser o causador da minha saudade, agora eu me via com saudade... de mim!
E eu quis me abraçar muito forte e me perguntar " Por onde você esteve esse tempo todo? Por favor, nunca mais se perca de mim! Ter você do meu lado, dentro de mim é a melhor coisa do mundo!".
Triste pensar que de certa forma eu me deixei esquecer me preocupando de lembrar tanto de um, de outro...
E quando percebi essa saudade toda quis muito sair comigo, quis me levar pra jantar, quis me divertir e fazer todas as coisas do mundo! Quis me fazer feliz e descobrir mil mundos comigo!
Quis saber do que eu gostava, do que eu poderia gostar, onde eu gostava de ir e quantos mil lugares eu poderia me levar!
E de quem eu precisava mesmo? Ah sim, DE MIM!
Então eu fui fazer o que a gente costuma fazer quando quer matar a saudade da pessoa quando a reencontra e ela também quer matar a saudade da gente: fui dormir comigo.
Eu e eu mesma. Sem ninguém pra me atrapalhar, sem ninguém pra me acordar do meu sono comigo mesma. Sem ninguém pra me mandar ir mais pra lá, roncar na minha orelha, roubar meu cobertor. Naquela noite era eu e eu mesma. Mim, comigo. E só.
Ah, que saudade de mim que eu estava!

terça-feira, 15 de março de 2011

O menino da jaqueta de couro

Tudo bem se você achou mesmo que eu estava apaixonada por você. Essas minhas demonstrações intensas podem assustar e elas assustam mesmo.
Mas só pra deixar muito claro que eu não amo você, nem amei naqueles dias atrás, nem pretendo isso. Você só conseguiu trazer um pouco de encanto pra minha vida que pareceu tão desencantada depois que tanta coisa aconteceu.
Mesmo assim, não fico triste com o seu "tchau" tão gélido diante do meu "até logo" tão radiante.
Eu não espero mais nada das pessoas, eu faço por mim, pela sensação de ter meu coração aliviado depois de ter feito. Seja uma ligação que eu retorno mesmo sem necessidade, ou um encontro que eu proponho pra acertas as contas ou simplesmente algumas vinte e tantas páginas que eu escrevo pra alguém.
Eu não espero outra ligação depois da minha, nem um sorriso no encontro que eu propus, nem um abraço mais forte depois de entregar as vinte e tantas páginas.
Eu desliguei o telefone e meu coração estava aliviado. Eu voltei do encontro e meu coração estava aliviado. Eu entreguei as páginas e meu coração estava aliviado.
Não importa as reações. É claro que se elas se sobressaltarem, elas vão importar, mas se foram mornas, eu não me importo.
Porque no fim será sempre eu e meu coração. E é a ele que devo satisfações, é com ele que eu me entendo, é ele que eu carrego e que me carrega.
Tá tudo bem. Você só precisa entender de alguma forma que alguém que se conhece o suficiente pra agir seguindo o próprio coração, não vai tomar seu tempo nem ter atitudes de uma menina de dezesseis anos.
Mas tudo bem, a gente vai crescendo e você é tão jovem quanto eu.
Não me arrependo de uma só linha, nem de uma página, nem de nada que eu escrevi pra você. Sou muito honesta comigo mesma e espero que você saiba enxergar a verdade naquelas tantas palavras que eu escrevi com tanto carinho pra você.
Não me lembro de ter colocado tanto empenho e ter feito com tanta vontade um presente com as minhas próprias mãos. Apesar da sua frieza da última vez que nos vimos, você foi uma das minhas mais intensas e doces inspirações. Inspiração, que fique bem clara essa palavra.
Veio e foi tão rápido que mal deu pra sentir direito os efeitos teus, mesmo porque eles já passaram. Meteórico, assim como o Carnaval que já se foi.
Mesmo assim eu vou guardar comigo a cópia daquelas páginas e o cheiro da sua jaqueta de couro. Vai que num dia qualquer, dá vontade de escrever sobre você de novo...



domingo, 13 de março de 2011

Meu momento

É chegado o momento de me conhecer. Essa nova fase pode parecer um tanto quanto assustadora e solitária, mas não há mais como fugir dela. Tenho que me encarar de frente.
Estou passando por um período da minha vida que antes parecia apenas uma hipótese. Mas ele se concretiza e eu me assusto.
É chegada a hora de ficar sozinha.
Sim, sozinha.
Eu e eu mesma. Sem nenhum namorado, pretendente, ficante, caso, affair, ou qualquer coisa do gênero.
Passado as euforias carnavalescas, os amores arredios, passado os corações machucados eu me olhei no espelho e só vi a mim mesma. Eu... Como Eu sou.
Foi estranho não tem ninguém do lado.
Andei duas vezes pelo corredor e a falta de direção chamou pelo coração materno. E lá veio ela, com seu abraço incrível, com suas palavras sempre sábias e seu amor extraordinário.
Me disse tudo aquilo que eu já sabia, mas que vindo dela se tornava a maior verdade.
" Você precisa aprender a ser feliz sozinha primeiro, pra depois ser feliz com alguém. E depois que você aprender você vai achar alguém pra ser seu companheiro, não sua muleta."
Ela está sempre com a razão.
Não dá mais pra me apoiar em ninguém, porque nessas últimas tentativas eu me espatifei bonito no chão e vi o quanto eram frágeis e fracas as minhas muletas. Não dá pra botar o peso da sua vida, seus sonhos e principalmente sua felicidade nas mãos, nas costas ou nos ombros de outra pessoa. Porque às vezes, e na maioria das vezes mesmo, nem sua muleta sabe se apoiar sozinha.
Esse termo muleta pode soar forte e ser desconfortável, mas era isso que eu procurava em alguém... Era a sensação de me apoiar que eu precisava. É duro admitir e reconhecer seus próprios erros. Mas é o primeiro passo pra melhora de si mesmo...
Porque não adianta achar qualquer um na balada pra servir de muleta de novo, porque no dia seguinte não quero nem vê-lo pintado de ouro.
O meu coração e minha alma pedem paz. Pedem pra que eu fique sozinha. Precisam se conhecer melhor, eu, minha cabeça, meu coração e minha alma. Precisamos nos entender e alcançar alguma sintonia e finalmente compreendermos que não precisamos de absolutamente ninguém pra sermos feliz, porque no fim, eu sou minha felicidade. Só não havia sentido isso ainda... Acabo de sentir e descobrir...
Colocar em prática esse plano de regeneração de si mesma é muito difícil. Ando me sentindo sozinha, sem ninguém pra ligar, brigar, sentir saudade e me apoiar. Esquisito pra alguém que vive apaixonada não estar gostando de ninguém no momento. Depois de fúrias de amor, a calmaria parece tediosa. Mas não é assim. Ela não é tediosa, ela é apenas calma e necessária. Muito necessária.
Devagar eu vou me adaptando a essa ideia que sempre enfiaram na minha cabeça mas eu nunca a tinha reconhecido como minha até os últimos dias " Você é a única pessoa responsável pela sua felicidade. Você não precisa de ninguém pra ser feliz.".
E com paciência, perseverança, serenidade, compreensão, fé, amigas e amigos, algumas cerveja, algumas baladas e barzinhos, o carinho e a presença da família e o amor infinito da minha mãe eu vou me aceitando melhor do que ontem, me gostando mais, me querendo mais, me fazendo feliz comigo mesma.
Hoje melhor que ontem... Sempre pra frente!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Viva o Sushi!!!

Não, eu não preciso de ninguém pra me levar comer comida japonesa! Posso muito bem ir sozinha e posso muito bem pagar sozinha! TÁ?
Como é difícil ser mulher e ganhar seu espaço na sociedade!
Eu andava frustrada e com uma vontade doida de comer comida japa. Mas na minha cidade eu não queria, e fora, o elemento que andava me acompanhando aqueles tempos não gostava. Eu não podia pegar o carro sozinha e tudo conspirava contra.
Como é detestável depender dos homens, do carro deles e do dinheiro deles pra tudo. Foi sabendo que eu sempre detestei essa dependência que eu sai de casa. Vou ganhar meu espaço nessa birosca!
Hoje eu virei a mesa. Estava bem decidida a torrar meu salário se preciso fosse pra comer um delicioso sushi. Iria almoçar na Liberdade, pegava um ônibus, tava cansada de depender dos marmanjos de plantão pra me levarem comer comida japa.
A verdade é que a gente se acomoda um pouco. É bem melhor ir de carro e ter sua conta paga as vezes. Sei que me contradigo um pouco quando digo isso, mas de vez em quanto não tem problema (risos). O que mata é ter que depender disso, depender deles pra tudo!
Mas eu sou uma mulher bem resolvida, que trabalha, vai atrás de seus sonhos, maior de idade, habilitada ( porém, sem carro) e com dinheiro no bolso ( pelo menos o suficiente) pra pagar um sushi que fosse!
Então, eu fui e pra minha magnifica sorte abriu um restaurante japa na faculdade! É Deus na minha vida mesmo! Oh coisa linda!
E fui, comprei meus hot rolls, meus sushis, jantei sozinha, paguei a minha conta e cadê o macho? Eu te pergunto querida leitora, CADÊ O MACHO? NÃO TEEEM MACHO E SABE PORQUE, PORQUE EU NÃO PRECISO MAIS DELE!
Eu vou onde eu quiser, a hora que eu quiser, eu pago o meu rodizio japonês e até o tailandês se eu quiser!
Pena que eu só fui me ligar agora que eu não precisava dele e nem de ninguém pra comer uma comidinha japa. Mas é isso aí, leitora rycah, faça o mesmo! Não dependa de ninguém pra nada, muito menos pra ser feliz comendo um hot roll!!! Muhauhauhauahuhauahuahuha!
VIVA A INDEPENDÊNCIA FEMININAAAA!


domingo, 6 de março de 2011

Doce

Volta a meia a gente se encontra e se sorri sempre de um jeito diferente. Não, nunca é a mesma coisa.
Cada fase é de um jeito, cada jeito é uma novidade. A gente se transforma, se aceita e se encontra de repente, não mais que de repente pra sorrir o velho sorriso novo.
Romanceando um pouco somos quase como Romeu e Julieta, e aqueles nomes são quase Montéquio e Capuleto. E quando eu disse isso e sorriu de novo. Ele sempre sorri.
Não acredito que o tempo mude as pessoas, mas sim as experiências que elas tiveram nesse tempo que as mudam. Ele nunca foi um idiota, sempre muito polido, boa companhia e sempre sorrindo. Mas ao ver ele discorrer lindamente sobre o achado da vida, o princípio do "Amor Fati", a vocação e a verdade eu pensei que as experiências dele o fizeram assustadoramente encantador e lúcido, terno e realista, sonhador e sincero, com tantas coisas lindas dentro de si que tão inevitável abrir um sorriso imenso daqueles que vem do âmago. Um pequenino estalo de felicidade.
Naquele momento eu o vi como um menino. O menino de cabelo tijelinha, muito branco, sentado na muretinha verde, com um copo de suco vermelho na mão, dois canudos na boca, fazendo cara de quem era muito travesso. Mas não era isso tão somente que eu via, era uma pureza de espírito linda que ele conseguiu manter através dos tempos, coisa rara de se ver.
Eu sabia que ele era um montão de coisas boas. Mas agora eu sei, ele é incrível e sorri como ninguém.
Que bom que no mundo existem pessoas como você, não estamos cercados apenas de covardes e insensatos. Pessoas como você existem sim.
E como diria Caio Fernando Abreu, um dos meus preferidos... " Que seja doce, sete vezes para dai mais sorte: doce doce doce doce doce doce doce." Que você continue doce... e sorrindo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Nice to meet you

É difícil de lembrar com perfeição do seu rosto, sua voz ecoa num labirinto longe de onde eu me forcei sair.
As coisas ácidas que você me disse corroeram meu estômago como cicuta e a sua doçura natural mexe com a diabetes que eu não tenho.
Suas atitudes previsíveis, sua falta de culpa de tudo, sua indiferença, a minha arrogância forjada em mim mesma, minha vontade maior ainda de ter percebido tudo quando tudo aconteceu.
Jamais me arrependerei de ter conhecido você e dos dois meteóricos meses que vivemos juntos. Mas me arrependo de como agi com você, de como deixei passar tantas coisas que sempre foram inaceitáveis a troco de nada. Mas tudo bem, dizem por aí que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Mas aprendi que não devo passar por cima das minhas convicções por amor.
E vendo aquele rosto distorcido e apagado eu me convenço ainda mais do que vim lutando na semana passada pra compreender.
Não, eu ainda não entendo tudo, mas sinceramente, você nunca me entendeu também.
Quando eu abri o armário hoje pra fazer o meu tão famoso macarrão com atum que você não comeu e nem comerá tão cedo, pensei em todas as coisas que eu te disse, em todas as coisas que a gente viveu, na minha vida antes e depois de você. E substancialmente, pouca coisa mudou.
Na verdade os melhores anos da minha vida em vivi sem você, porque os próximo 20 não podem ser igualmente lindos e melhores?
Não que alguns momentos nossos não façam parte do ranking de momentos mais lindos da minha vida, mas são momentos, não são anos. Você não quis que fizessemos nem meio ano. Decidiu por si mesmo, decidiu por nós e eu fingi aceitar mesmo sem entender e de repente nós tinhamos um acordo assinado por nós dois.
Tudo bem.
Essa semana começou diferente pra mim. Nada do que eu escrevi ou quis escrever foi com a intenção de te provocar ou te atingir. Nada. Nem mesmo esse texto.
Mas se acaso você vier a lê-lo e identifique-se, bom, como eu disse algumas vezes pra uma porção de gente sem noção " Leu porque quis!".
Gosto de você, tenho um carinho imenso por você e seu jeito inocente de ver o mundo, você me encanta. Mas hoje eu não jogaria meu carro numa ribanceira por sua causa e nem toleraria chiliquinhos alheios por sua causa pra não dar em nada.
E outra coisa, se você vai mesmo se doer com as coisas que eu escrevo, sinto muito. Elas não são pra você, por mais que eu diga você o tempo todo. Eu cansei de me auto-censurar aqui porque de repente você poderia ler e gostar menos de mim. O que é você gostar menos de mim a essa altura do campeonato? Você nunca gostou mais de mim. Você estacionou o que poderia ser uma bela história, então, não vai ser agora que você vai gostar de mim, não é mesmo?
Quer se doer? Se doa. Depois passa. Como tudo na vida. Tudo!
Existe uma coisa chamada intensidade e essa sim foi a Senhora Magnânima na nossa relação tão meteórica. Tudo bem, não me importo com o tempo, nunca me importei. Algumas coisas são mais importantes.
Nós quase tivemos tudo, nós quase fomos felizes e eu quase achei que não seria feliz sem você. Ledo engano.
Você teve meu coração e minha alma, mas agora eles são meus de novo. Mesmo assim, foi bom conhecer você.




terça-feira, 1 de março de 2011

Mal mascarada

Não acredito muito nessas mudanças repentinas de algumas pessoas. Pra mim, muitas vezes, não passa de uma tentativa podre de impressionar.
Porque é muito difícil aqueles que realmente mudam e se melhoram de dentro pra fora. E quando isso acontece, de fato é admirável e digno de aplausos.
Mas mudar de fora pra dentro, superficialmente, rasteiramente, daí é muito fácil.
Quem as pessoas querem impressionar assim?
A mim, elas não enganam.
Porque continuam as mesmas pessoas com uma vírgula apenas de diferença. Mas ao que diz respeito do que eram e ao que se tornaram, sinceramente, pra mim é a mesma coisa. Mascaradas num tom mais afável, mas continuam agindo com a mesmas manias e hostilidade.
Talvez porque elas percebam que eu não acredito nessas mudanças superficiais.
Se um dia eu realmente perceber e sentir a verdadeira mudança, eu irei reconhecê-la. Eu também não sou de todo mal, sei ver quando uma pessoa mudou.
Mas, até que se prove o contrário, pra mim é a mesma coisa. A mesma coisa podre e muito mal mascarada.